30.11.17
22.11.17
A Coisa Simples
“Certos
espíritos dificilmente admitem que uma coisa simples possa ser bela, e menos
ainda que uma coisa bela é necessariamente simples, em nada comprometendo a sua
simplicidade as operações complexas que foram necessárias para realizá-la.
Ignoram que a coisa bela é simples por depuração, não originariamente; que foi
preciso eliminar todo elemento de brilho e sedução (coisa espetacular), como
todo resíduo sentimental (coisa comovedora), para que somente o essencial permanecesse.
E diante da evidente presença do essencial, não o percebendo, até mesmo fugindo
a ele, o preconceituoso procura o acessório, que não interessa e foi removido.
Mais pura é a obra, mais perplexa a indagação: “Mas é somente isto? Não há mais
nada?” – havia mas o gato comeu (e ninguém viu o gato).”
—
Carlos Drummond de Andrade (in Confissões de Minas)
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