Paul Cézanne - Bridge across a pond - 1890 - Puskin Museum |
AO RIO
Ó rio – clepsidra de água metáfora da eternidade
entro
em ti cada vez tão diferente
que
poderia ser nuvem peixe ou rocha
e tu
és imutável como o relógio que marca
as
metamorfoses do corpo e as quedas do espírito
a
lenta decomposição dos tecidos e do amor
eu
nascido do barro
quero
ser teu aluno
e
conhecer a fonte o coração olímpico
ó
tocha fresca coluna cantante
rochedo
da minha fé e do desespero
ensina-me
ó rio a ser teimoso e persistente
para
que mereça na última hora
repouso
na sombra do delta imenso
no
sagrado triângulo do princípio e do fim
Zbigniew Herbert //Tradução: Ana Cristina César e Grazyna Drabik