12.11.21

Espera

 



Deito-me tarde 

 Espero por uma espécie de silêncio 

 Que nunca chega cedo 

 Espero a atenção a concentração da hora tardia 

 Ardente e nua 

 É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho 

 É então que se vê o desenho do vazio 

 É então que se vê subitamente 

 A nossa própria mão poisada sobre a mesa 


 É então que se vê passar o silêncio 

 Navegação antiquíssima e solene 


 “Espera”, Sophia de Mello Breyner Andresen