Por Tanya Volpe
Antes de começar a contar esta história tenho que dizer que, se você chegou aqui agora, deve estar achando que eu sou a maior conhecedora de NY. Parece, mas de fato não sou. Meu assunto é a França, minhas viagens são na grande maioria para lá. É de la´que vem minha fonte de inspiração, pesquisa e conhecimento. Mas, ainda tenho algumas coisinhas para contar de uma viagem recente às terras americanas.
Tenho uma amiga que viveu alguns anos nos EUA.
Quando voltou trouxe na mala o hábito dos “brunchs”. Costumava convidar os amigos (vários) para longas jornadas gastronômicas com esse tema. Eu ficava sempre abismada com a produção! Coitada, era uma trabalheira insana das 11 da manhã às 7 da noite.
Era põe isso, tira aquilo. Primeiro turno, mais levinho (café da manhã) reposição, segundo turno (mais para “almoço”) reposição e assim seguia o dia com mesas sempre cheias e variadíssimas. Eu ficava tão aturdida que nem ousava oferecer alguma ajuda com medo de mais atrapalhar que ajudar.
Era um tour de force !
Pois ela nos acostumou mal !
Brunch para mim significava uma quantidade astronômica de opções, doces e salgadas, leves e pesadas. Um mundo encantado que daria conta de todos os desejos.
Indo a NY, o paraíso dos “brunchs”, mal pudemos esperar a chegada do primeiro fim de semana para desfrutá-lo.
No “melhor” lugar! Antigo, antigo, eu sei, mas um “clássico” para isso, o Balthazar. Tinha que ser lá!
Sem reservas, esperamos por um bom tempo, que não foi desperdiçado porque usamos para dar umas voltas por ali, no Soho.
Chegamos famintos e para entrar no clima, pedimos uma coupe de Champagne e um Manhattan, lógico .
Analisando o menu não foi fácil ter que restringir o foco e escolher alguns pratos, com a lembrança daquelas maravilhas da amiga que servia um “brunch” abrasileirado dispondo tudo sobre a mesa...
As numerosas opções de ovos passeavam por várias receitas incluindo polenta , salmão defumado, boudin noir, (salsicha de sangue à moda francesa), e os famosos Benedict (ovos pochés servidos sobre muffin cortado ao meio e tostado, com uma fatia de bacon ou presunto e finalizados com molho hollandaise). Os ovos assim preparados são a mais pura expressão de um brunch novaiorquino. Diz a lenda que eles foram criados no restaurante do Hotel Delmonico, cujo casal de proprietários Mr e Mrs LeGrand Benedict buscava com o maître uma preparação nova e inusitada para ovos.
Também contam que os ”brunchs” nasceram na Inglaterra no começo do século XIX mas foram os americanos que o incorporaram a sua dieta de fim de semana. Agora que ovos e manteiga (Grâce à Dieu) foram reabilitados podemos todos nos beneficiar com prazer dessa alforria.
Com o avançado da hora estávamos mais para “lunch” que para “brunch”.
Aproveitamos para pedir um coquetel de camarão, prato extinto dos nossos menus e um salmão defumado servido à maneira judaica com ovo cozido passado na peneira, picles, cebolas e alcaparras.
O Balthazar segue um modelo de brasserie francesa e pedir comida que tem essa tendência sempre me recoloca no eixo. Por isso pedi uma quiche com salada e, como o coquetel trouxe um sentido de revival um Stroganoff, servido com massa fresca nos pareceu uma combinação bem interessante.
Um senhorzinho da mesa ao lado, puxou conversa , se interessou pelo casal de brasileiros e se tornou o fotógrafo oficial dessa nossa viagem. Foi o autor das únicas fotos da dupla dessa temporada.
80, Spring St
(entre Broadway e Crosby )
New York NY