19.9.18

Paper Music - William Kentridge & Philip Miller [Trailer]




Paper Music

La représentation du 19 septembre se tiendra en la présence exceptionnelle de William Kentridge

William Kentridge, accompagné du compositeur Philip Miller, propose une combinaison de nombreuses formes artistiques. Paper Music est un petit univers sensoriel, mélancolique et visionnaire. 

Music, c’est une pièce pour piano et deux voix de Philip Miller. Parfois, le piano est seul, et dans sa rêverie mélancolique, il nous rappelle Ravel et Glass ; parfois, il est accompagné, et le trio nous engloutit par son énergie, sa maîtrise et son humour. Paper, c’est une déambulation de Kentridge, chez lui, dans son atelier ; à travers son regard, on découvre les vicissitudes des mots, on joue avec les matériaux, on voit apparaître de l’encre de Chine et des traces de café et, grâce à elles, on accède à une contemplation nouvelle du monde et du quotidien. Paper Music est un ciné-concert de magie sombre, faisant suite à deux collaborations des artistes sud-africains, The Refusal of Timeet Refuse the Hour. Cette œuvre est pour eux une manière d’explorer des thématiques nouvelles comme de rendre hommage aux inventeurs et bidouilleurs du cinéma, dont Georges Méliès fait évidemment partie.

Ann Masina, voix
Joanna Dudley, voix
Vincenzo Pasquariello, piano
William Kentridge, conception vidéo
Philip Miller, composition
Greta Goiris, création costumes

Philarmonie de Paris - Cité de la Musique
19 et 20 Septembre 2018   20h30

7.9.18

O amor

Auguste Rodin  Danseuse nue vers 1900

O amor

“Na selva amazônica, a primeira mulher e o primeiro homem se olharam com curiosidade. Era estranho o que tinham entre as pernas.
– Te cortaram? – perguntou o homem.
– Não – disse ela – Sempre fui assim.
Ele a examinou de perto. Coçou a cabeça. Ali havia uma chaga aberta. Disse:
– Não comas mandioca, nem bananas, e nenhuma fruta que se abra ao amadurecer. Eu te curarei. Deita na rede, e descansa.
Ela obedeceu. Com paciência bebeu os mingaus de ervas e se deixou aplicar as pomadas e os ungüentos.
Tinha de apertar os dentes para não rir, quando ele dizia:
– Não te preocupes.
Ela gostava da brincadeira, embora começasse a se cansar de viver em jejum, estendida em uma rede. A memória das frutas enchia sua boca de água.
Uma tarde, o homem chegou correndo através da floresta. Dava saltos de euforia e gritava:
– Encontrei! Encontrei!
Acabava de ver o macaco curando a macaca na copa de uma árvore.
– É assim – disse o homem, aproximando-se da mulher.
Quando acabou o longo abraço, um aroma espesso de flores e frutas invadiu o ar. Dos corpos, que jaziam juntos, despreendiam-se vapores e fulgores jamais vistos, e era tanta formosura que sóis e deuses morriam de vergonha”.

Este conto pertence ao livro Mulheres, de Eduardo Galeano (1997) L&PM Pocket