Saul Leiter, Red Umbrella |
Soneto
LXXXVIII
Se amor
não é, que é este sentimento?
Mas, se é amor, por Deus, que coisa é tal?
Se boa, por que efeito tão fatal?
Se má, por que tão doce o seu tormento?
Se ardo
a gosto, por que é que me lamento?
Se a contragosto, o lamentar que val’?
Ó viva morte, ó deleitoso mal,
Quanto podes sem meu consentimento?
E, se o
consinto, à força é que me aturo.
Contra tão forte vento, em frágil barco,
Me encontro em alto-mar, e o não governo,
Tão
pobre de saber, de errar tão fraco,
Que eu mesmo já não sei o que procuro.
E tremo no verão e ardo no inverno.
Petrarca
(
tradução de Pedro Lyra )
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