31.3.20

Equilibrismo

Vladimir Lagrange - Siberia Wireman  1979

Os poemas que escrevo
São moinhos
Que andam ao contrário
As águas que moem
Os moinhos
Que andam ao contrário
São as águas passadas



Com o fogo não se brinca
porque o fogo queima
com o fogo que arde sem se ver
ainda se deve brincar menos
do que com o fogo com fumo
porque o fogo que arde sem se ver
é um fogo que queima
muito
e como queima muito
custa mais
a apagar
do que o fogo com fumo


Adília Lopes – Aqui estão as minhas contas Antologia poética
Organização Sofia de Sousa Silva
Ed. Bazar do Tempo

2 comentários:

  1. Maravilhosa Adilia Lopes!

    "Escrever um poema
    é como apanhar um peixe
    com as mãos
    nunca pesquei assim um peixe
    mas posso falar assim
    sei que nem tudo o que vem às mãos
    é peixe
    o peixe debate-se
    tenta escapar-se
    escapa-se
    eu persisto luto corpo a corpo
    com o peixe
    ou morremos os dois
    ou nos salvamos os dois
    tenho de estar atenta
    tenho medo de não chegar ao fim
    é uma questão de vida ou de morte
    quando chego ao fim
    descubro que precisei de apanhar o peixe
    para me livrar do peixe
    livro-me do peixe com o alívio
    que não sei dizer"

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    1. Muito obrigada por sua colaboração. Desculpe, só vi agora. Isso mesmo, um poema mais lindo que o outro!

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